A linguagem humana é construída socialmente durante o desenvolvimento e sofre influência, portanto, de aspectos culturais, perfil familiar, nível de estimulação entre outros. A fala, fisiologicamente falando, é uma via de comunicação através do som que é produzido pela nossa laringe e, também trata-se de um produto socialmente construído. Vale reforçar que a fala é uma forma de comunicação, no entanto, não é a única forma de comunicação possível e né todos os indivíduos irão se beneficiar de forma plena dela.
Para que a fala se desenvolva de uma forma funcional e de acordo com as demandas e habilidades socialmente necessárias, alguns fatores precisam ser considerados como as estruturas musculares de cabeça e pescoço estando presentes e com mobilidade e tonicidade adequadas. Além disso, é preciso também que haja estímulo, que o indivíduo tenha as estruturas neurais relacionadas a fala preservadas entre outros fatores.
Dessa forma, podemos afirmar que não existe apenas um fator responsável pelo desenvolvimento da fala e sim um conjunto de fatores e, mesmo na ausência de um ou mais fatores relacionados, não podemos afirmar se haverá ou não o desenvolvimento adequado da fala, pois trata-se de uma construção subjetiva que dependerá do ambiente, do desempenho cognitivo e características individuais de cada sujeito. Sabendo disso, nosso papel enquanto famílias, terapeutas e sociedade é garantir um ambiente adequado e reduzir a presença de fatores que podem prejudicar esse desenvolvimento. E afinal, que fatores prejudiciais são esses? Listo a seguir alguns fatores onde a família pode exercer papel fundamental:
Ausência de estimulação adequada: a estimulação de linguagem ocorre em diferentes locais e em todas as interações com pares, no entanto, precisamos considerar a qualidade dessa estimulação. Por exemplo, a televisão é um estímulo mas a qualidade desse estímulo é baixa e pode causar uma comunicação disfuncional;
Ausência de contato com pares: crianças precisam de contato e vivência com outras crianças para que as habilidades comunicativas como a intenção comunicativa desenvolva-se;
Hábitos e alterações nocivas como uso de chupetas, mamadeira, sucção de digitais, mastigação ineficiente, respiração oral. Esses hábitos e alterações prejudicam a tonicidade e mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios.
Por fim, o desenvolvimento da fala é responsabilidade de todos nós e precisamos todos estar atentos a hábitos nocivos, estimulação inadequada e fatores que podem estar influenciando de forma negativa essa comunicação. No entanto, é preciso também estarmos cientes de que a fala é apenas 01 habilidade humana e que nem todos os indivíduos vão se beneficiar integralmente dela e, quando isso ocorrer, não existem culpados ou responsáveis e sim, facilidades e dificuldades inerentes ao indivíduo que precisam ser respeitadas e valorizadas na construção de uma torna de comunicação viável.
Bárbara Reis do Nascimento
Fonoaudióloga, Mestre (UFES) e Especialista em Linguagem
Comments